Ide e Pregai

O Documentário é um resumo da história das Assembléias de Deus no Brasil a começar pela chegada dos missionários e pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren, em Belém do Pará.

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O Espelho dos Mártires

O Documentário relata em detalhe o modo de vida e as persiguições que sofreram os cristão primitivos e como foram martirizados os Apóstolos de Cristo.

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Filme ´180`: 33 minutos que mudarão sua opinião sobre o aborto

O Ministério Living Waters, dos Estados Unidos, produziu recentemente um documentário impactante e fantástico sobre o aborto. O filme traz como título ‘180’ e instiga as pessoas a mudarem de opinião sobre o aborto e outras questões bíblicas.

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O que é Heresia?

>> segunda-feira, 26 de agosto de 2013




“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. Colossenses 2.8

Para a maioria das pessoas os termos: seita, heresia, apologética etc, é de difícil elucidação e trazem, na maioria das vezes, confusões e discrepâncias. Talvez por falta de informação e formação teológica, muitos líderes estão ministrando heresias destruidoras no seio da igreja cristã. Isso é deveras preocupante. Termos como: conversão, arrependimento, regeneração, justificação, propiciação, dentre outros, estão sendo substituídos por: decretar, maldição, reivindicar, apossar-se, tomar posse da bênção etc.

Urge a necessidade de, mais do que nunca, o líder estar de acordo com 1Tm 3.2 que diz: “é necessário, pois, que o bispo seja… apto para ensinar”. Mas a aptidão ao ensino só vem com esmero estudo das Escrituras Sagradas, o que muitos não querem. Preferem copiar a moda vigente. A “Teologia do Momento” é muito mais atraente e fácil. Traz satisfação ao ego, massageia a nossa alma narcisista. O evangelho do aplauso é mais vistoso do que o evangelho da cruz. Dá mais status.

Amados, devemos lembrar-nos do que diz o apóstolo Paulo: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. Tu , porém, sê sóbrio em tudo , sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”. 2Tm 4.3-5

Enquanto muitos estão embriagando-se com os sistemas hodiernos de uma eclesiologia doente, somos advertidos para sermos sóbrios no meio dos bêbados-hereges. Paulo diz-nos que para cumprirmos o nosso ministério não é preciso tomar um porre de pseudodoutrinas. Basta sermos fieis aquele que nos chamou.

Mas, afinal, o que significa as palavras seita e heresia? Ambas derivam da palavra grega “ háiresis” , que significa escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc. A palavra heresia é adaptação de “háiresis” . Quando passada para o latim, “háiresis” virou “secta” . Foi do latim que veio a palavra seita. Originalmente, a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de seita (At 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os líderes judaicos viam os cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do judaísmo. Com o tempo, “háiresis” também assumiu conotação negativa, como em 1Co 11.19; Gl 5.20; 1Pe 1.1-2.

Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se a um grupo de pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo. Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita.

Vejamos ainda algumas definições de apologistas famosos:

1ª “um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas”. Dr. Walter Martin.

2ª “é uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”. Josh McDoweell e Don Stewart.

3ª “Qualquer religião tida por heterodoxa ou mesmo espúria”. J. K. Van Baalen.

A palavra doutrina vem do latim “doctrina”, que significa ensino. Referindo-se a qualquer tipo de ensino ou a algum ensino específico. Algumas pessoas confundem doutrina com a questão de usos e costumes. Alguns falam: “a minha igreja tem doutrina”. Quando, possivelmente, lá existam na realidade muitas heresias. O verdadeiro ensino bíblico e teológico é que constitui a verdadeira doutrina.

Apologia significa defesa. Algumas pessoas fazem apologia às drogas, ao crime etc, mas dentro da heresiologia, apologia significa fazer uma defesa da fé cristã ortodoxa. Defender a igreja contra ensinos de demônios e de homens cujo deus é o ventre. É defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. (Jd 3). O trabalho do apologista é difícil e, muitas vezes, incompreendido até mesmo dentro de sua denominação.

Quando o apóstolo Pedro nos pede para “…estar sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15); a palavra “responder”, é apologia. Ou seja, Pedro nos diz que devemos estar preparados para fazer uma defesa segura de nossa fé. Como alguém que está sendo acusado em um júri. Será que todos nós, líderes, ovelhas e pastores, temos esta condição de sermos apologistas da fé cristã? Ou estamos descendo de ladeira abaixo rumo às falácias de homens incautos e arrogantes, que “não sabem o que dizem sem as coisas sobre as quais fazem ousadas asseverações?” Pois são pessoas que “resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. 2Tm 3.8b.

Portanto, as heresias podem ser encontradas em vários lugares. Muitos se enganam por pensarem que heresias existem apenas nas seitas conhecidas. Existem heresias destruidoras nas mais diversas igrejas, inclusive nas que se proclamam cristãs ou evangélicas. Que Deus nos dê a Sua graça, e nos ajude. Parafraseando Lutero: que a nossa mente esteja cativa à Palavra de Deus.

Fonte: NAPEC

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Os dons espirituais à luz da Bíblia

Por Rev. Hernandes Dias Lopes

Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja para a realização do ministério e a edificação dos santos. Não são dotes naturais, mas capacitação sobrenatural. Não são alcançados por mérito, mas distribuídos pela graça. Não são distribuídos conforme o querer humano, mas segundo a vontade soberana do Espírito Santo. Quatro verdades merecem ser destacadas sobre os dons espirituais.

Em primeiro lugar, a origem dos dons espirituais. Os dons espirituais não procedem do homem, mas de Deus. Não podem ser confundidos com talentos naturais. Não é um pendor humano nem uma habilidade inata que alguém desenvolve. Os dons espirituais são concedidos aos membros do corpo de Cristo, pelo Espírito Santo, quando creem em Cristo, e são desenvolvidos na medida em que os fiéis os utilizam para a glória de Deus e edificação dos salvos. Nenhuma igreja pode conceder os dons. Nenhum concílio eclesiástico tem autoridade para distribuí-los. Os dons espirituais são dádivas de Deus à igreja. São distribuídos segundo a vontade do Espírito e não conforme as preferências humanas. Eles vêm do céu e não da terra; emanam de Deus e não dos homens.

Em segundo lugar, a natureza dos dons espirituais. Os dons espirituais são uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo aos membros do corpo de Cristo para o desempenho do ministério. Nós somos individualmente membros do corpo de Cristo. Cada membro tem sua função no corpo. Nenhum membro pode considerar-se superior nem inferior aos demais. Todos os membros são importantes e interdependentes. Servem uns aos outros. Pelo exercício dos dons espirituais as necessidades dos santos são supridas, de tal forma que, numa humilde interdependência todos os salvos crescem rumo à maturidade, à perfeita estatura do Varão perfeito, Cristo Jesus.

Em terceiro lugar, o propósito dos dons espirituais. Os dons espirituais são recebidos de Deus e exercidos com Deus, por Deus e para Deus para que a igreja de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente sua missão no mundo. Não nos bastamos a nós mesmos. Nenhum membro do corpo de Cristo ficou sem dons e nenhum recebeu todos os dons. Devemos suprir as necessidades uns dos outros. Dependemos uns dos outros. No corpo há unidade, diversidade e mutualidade. Os membros não têm vida independente do corpo. Cada membro do corpo tem sua função. Cada membro precisa exercer o seu papel para que o corpo cresça de forma harmoniosa e saudável. O corpo cresce de forma harmoniosa e saudável quando servimos uns aos outros conforme o dom que recebemos.

Em quarto lugar, o resultado dos dons espirituais. Os dons espirituais têm dois propósitos: a glória de Deus e a edificação da igreja. Deus é mais glorificado em nós quanto mais nós nos deleitamos nele e servimos uns aos outros. O dons espirituais não são dados para autopromoção. Nenhum membro da igreja pode gloriar-se por ter este ou aquele dom, pois os dons são recebidos não por mérito, mas por graça. Usar os dons para exaltação pessoal é dividir o corpo em vez de edificá-lo. A igreja de Deus não é uma feira de vaidades, mas uma plataforma de serviço. No reino de Deus maior é o que serve. No reino de Deus perdemos o que retemos e ganhamos o que distribuímos. Quando investimos nossa vida, recursos e dons para socorrer os aflitos, fortalecer os fracos, instruir os neófitos, ajudar os necessitados e encorajar os santos, o nome de Deus é exaltado, o mundo é impactado e a igreja é edificada. Quando usamos os dons espirituais da forma certa e com a motivação certa, Deus é exaltado no céu e os homens são abençoados na terra.

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O Pecado para a Morte e a Blasfêmia contra o Espírito Santo


Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes

Não são poucos os pregadores de linha pentecostal que ameaçam os críticos das atuais "manifestações espirituais" de cometerem o pecado sem perdão, a blasfêmia contra o Espírito Santo. Mas, será? O pecado para a morte é mencionado por João em sua primeira carta: 

"Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue (5.16c)".

A morte a que João se refere é a morte espiritual eterna, a condenação final e irrevogável determinada por Deus, tendo como castigo o sofrimento eterno no inferno. Todos os demais pecados podem ser perdoados, mas o “pecado para morte” acarreta de forma inexorável a condenação eterna de quem o comete, a ponto do apóstolo dizer: "e por esse não digo que rogue". E o apóstolo continua:

"Toda injustiça é pecado, e há pecado não para a morte (5.17; cf. 3.4)".

João não está sugerindo que a distinção entre pecado mortal e pecado não mortal implique na existência de pecados que não sejam tão graves assim. Todo pecado é contra o Deus justo, contra a sua justiça. Portanto, todo pecado traz a morte, que é a penalidade imposta por Deus contra o pecado. Mas, para que seus leitores não fiquem aterrorizados, João repete: há pecado não para morte (5.17b). Nem todo pecado é o pecado mortal. Há perdão e vida para os que não pecam para a morte. O Senhor mesmo convida seu povo a buscar o perdão que ele concede (Is 1.18).

O que, então, é o pecado para a morte? O apóstolo João não declara explicitamente a que tipo de pecado se refere. Através dos séculos, estudiosos cristãos têm procurado responder a esta pergunta. Alguns têm entendido que João se refere à morte física, e têm sugerido que se trata de pecados que eram punidos com a pena de morte conforme está no Antigo Testamento (Lv 20.1-27; Nm 18.22). Não adiantaria orar pelos que cometeram pecados punidos com a morte, pois seriam executados de qualquer forma pela autoridade civil. Ou então, trata-se de pecados que o próprio Deus puniria com a morte aqui neste mundo, como ele fez com os filhos de Eli (2Sm 2.25), com Ananias e Safira (At 5.1-11) e com alguns membros da igreja de Corinto que profanavam a Ceia (1Co 11.30; cf. Rm 1.32).

A Igreja Católica fez uma classificação de pecados veniais e pecados mortais, incluindo nos últimos os famosos sete pecados capitais, como assassinato, adultério, glutonaria, mentira, blasfêmia, idolatria, entre outros. Este tipo de classificação é totalmente arbitrário e não tem apoio nas Escrituras.

A interpretação que nos parece mais correta é que João está se referindo à apostasia, que no contexto de seus leitores, significaria abandonar a doutrina apostólica que tinham ouvido e recebido e seguir o ensinamento dos falsos mestres, que negava a encarnação e a divindade do Senhor Jesus. “Pode-se inferir do contexto que este pecado não é uma queda parcial ou a transgressão de um determinado mandamento, mas apostasia, pela qual as pessoas se alienam completamente de Deus” (Calvino).

Trata-se, portanto, de um pecado doutrinário, cometido de forma voluntária e consciente, similar ao pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, cometido pelos fariseus, e que o Senhor Jesus declarou que não haveria de ter perdão nem aqui nem no mundo vindouro (cf. Mt 12.32; Mc 3.29; Lc 12.10). Em ambos os casos, há uma rejeição consciente e voluntária da verdade que foi claramente exposta.

No caso dos leitores de João, a apostasia seria mais profunda, pois teriam participado das igrejas cristãs, como se fossem cristãos, participado das ordenanças do batismo e da Ceia, participado dos meios de graça. À semelhança dos falsos mestres que também, antes, tinham sido membros das igrejas, apostatar seria sair delas (2.19), e se juntar aos pregadores gnósticos e abraçar a doutrina deles, que consistia numa negação de Cristo.

Tal pecado era “para a morte” por sua própria natureza, que é a rejeição final e decidida daquele único que pode salvar, Jesus Cristo. “Este pecado leva quem o comete inexoravelmente a um estado de incorrigível embotamento moral e espiritual, porque pecou voluntariamente contra a própria consciência” (J. Stott).

É provavelmente sobre pessoas que apostataram desta forma que o autor de Hebreus escreveu, dizendo que “é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia” (Hb 6.4-6). Ele descreve essa situação como sendo um viver deliberado no pecado após o recebimento do pleno conhecimento da verdade. Neste caso, “já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hb 10.26-27). Este pecado é descrito como calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da aliança com que foi santificado e ultrajar o Espírito da graça (Hb 10.29), uma linguagem que claramente aponta para a blasfêmia contra o Espírito e a negação de Jesus como Senhor e Cristo (ver também 2Pd 2.20-22, onde o apóstolo Pedro se refere aos falsos mestres).

Não é sem razão que o apóstolo João desaconselha pedirmos por quem pecou dessa forma.

Alguém pode perguntar se Deus fecharia a porta do perdão se pessoas que pecaram para a morte se arrependessem. Tais pessoas, porém, não poderão se arrepender. Elas não o desejam. E além disto, o Senhor determinou sua condenação, a ponto de João não aconselhar que oremos por elas. “Tais pessoas foram entregues a um estado mental reprovável, estão destituída do Espírito Santo, e não podem fazer outra coisa senão, com suas mentes obstinadas, se tornarem piores e piores, acrescentando mais pecado ao seu pecado” (Calvino).

Notemos que nestes versículos João não chama de “irmão” aquele que peca para a morte. Apenas declara que há pecado para a morte e que não recomenda orar pelos que o cometem. É evidente que os nascidos de Deus jamais poderão cometer este pecado.

Portanto, não se impressione com as ameaças de pastores do tipo "você está blasfemando contra o Espírito Santo" se o que você estiver fazendo é simplesmente perguntando qual a base bíblica para cair no Espírito, rir no Espírito, a unção da leoa, e outras "manifestações" atribuídas ao Espírito Santo.

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Ou Deus ou Mamom

>> quarta-feira, 21 de agosto de 2013


Por Renato César




O Senhor Jesus foi enfático ao fazer oposição entre o amor ao dinheiro e o serviço a Deus (Mt 6:24). Para ele, ambos são mutuamente excludentes. Entretanto, deve ficar claro que o Mestre não condenou em momento algum o uso do dinheiro. O ministério de Jesus foi apoiado financeiramente (Lc 8:3), de tal forma que havia um tesoureiro entre os discípulos (Jo 12:6). É importante frisar esse aspecto para que não se caia no extremo de condenar a utilização do dinheiro como meio de troca. Então, como já está evidente no próprio versículo, Jesus fazia referência ao “amor ao dinheiro”, que em outras palavras refere-se à centralidade que ele tem na vida de muitos homens, no lugar de Deus.



Como em quase tudo na vida, o que Deus leva em consideração não é o que fazemos, mas a motivação com que fazemos. Assim, não há nada de errado em se querer ganhar mais dinheiro. Contudo, Deus sonda nossos corações e sabe o porquê de querermos prosperar financeiramente. E é neste ponto em que está o cerne da mensagem que Cristo quis passar.



O amor ao dinheiro nada mais é que o amor a si mesmo. Ter mais dinheiro é, em geral, sinônimo de status, poder e conforto. Tudo isso, entretanto, está ligado ao desejo da carne, e não às aspirações de um cristão preocupado com o Reino de Deus. O dinheiro possibilita a satisfação de desejos e ambições que em um ser humano não regenerado nada têm a ver com a vontade de Deus.



Entretanto o que de fato me preocupa não é a forma como o ímpio faz uso de seu dinheiro, mas como cristãos, ou mais precisamente os evangélicos, o tem gasto. Eu fico intrigado ao ver carrões estacionados em frente às igrejas, muitas vezes trocados anualmente, enquanto alguns membros da mesma comunidade padecem com a falta do mínimo para viver. Pergunto-me se estou sendo radical ao me incomodar com o desfile de vestidos e joias a cada novo culto ou se só eu estou vendo que a vaidade parece gritar mais alto que as vozes que adoram a Deus durante o louvor. Não consigo ver coerência entre o discurso de priorizar o Reino de Deus sobre todas as coisas e o tratamento que muitos empresários cristãos dão a seus empregados, submetendo-os a um regime de trabalho quase escravista na ânsia de obter mais lucros.



A sensação que me vem ao conversar com alguns cristãos é de que o dízimo é uma taxa que permite a livre utilização dos outros 90% unicamente na satisfação de desejos egoístas. E aí vem os tablets e smartphones para todos os membros da família, além das roupas e calçados de marca, sem se esquecer dos óculos de grife e demais utensílios que possam adornar o corpo e tapar, ainda que só por um breve momento, o buraco existencial que existe na alma.



Como eu já disse anteriormente, as palavras de Jesus trazem um ensino bem mais profundo que uma leitura superficial do texto possa sugerir. O centro da questão está relacionado ao chamado feito a cada um de nós para negar a si mesmo e carregar a própria cruz (Lc 9:23). Alguém que ama o dinheiro ama muito mais a si próprio que a Deus e a seu próximo. Quem ama o dinheiro está preocupado em satisfazer a si mesmo muito mais que agradar a Deus ou ajudar a alguém necessitado. 



O amor ao dinheiro apenas revela o que há por trás da máscara que vestimos. Mas o que mais me entristece e preocupa é que eu e você podemos estar vestindo a máscara da religião, tentando maquiar com dízimos e ofertas o Mamom que pode estar reinando em nossos corações. Que Deus tenha misericórdia de nós!

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Sobre o autor: Cristão reformado, formado em administração de empresas e teologia, membro da IPB - Fortaleza/CE.
Artigo enviado por e-mail.
Contatos com o autor: renatocesarmg@hotmail.com

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A arte de defender a fé

Outro dia estava verificando há quanto tempo participo de discussões sobre religião na internet, e cheguei a aproximadamente 7 anos. É um bom tempo de discussão, e posso dizer que aprendi bastante nestes 7 anos. Quando comecei, não sabia de nada, e todas as discussões por que passei me ajudaram a buscar respostas e encontrá-las.
Mas a tarefa de defender a fé não é uma tarefa fácil. Aprendi muito com meus erros também, e ao longo destes anos, fui tirando algumas conclusões sobre o que eu deveria fazer e o que eu não poderia fazer de forma alguma. Espero então compartilhar algumas de minhas conclusões, pois talvez isto ajude alguém a agir de forma correta, ou pelo menos que eu possa transmitir algumas de minhas preocupações.
Que tipo de pessoas encontramos em debates? É tão certo como o sol nascerá amanhã que, em uma discussão, principalmente pela internet, você irá encontrar pessoas irredutíveis. Elas podem ou não ter se "firmado" em suas conclusões através de estudos, e por isto não devemos considerar estas pessoas como "cegas" se por acaso elas nos parecer irredutíveis. Devemos nos lembrar sempre que se nós mesmos estudamos e nos firmamos na fé, vamos parecer também irredutíveis a eles.
Além destes, há aquelas pessoas que estão buscando aprender também. Elas estão ali mais como leitores, e geralmente não participam do debate.
Assim, o debate se dá principalmente entre aqueles que estão mais seguros sobre aquilo que acreditam ou defendem. E é por isto que é muito fácil perder a paciência neste tipo de debate. Por isto minha primeira dica é que faça o máximo possível para que isto não aconteça de sua parte. Seguindo o exemplo de Pedro, que dizia:
(1Pe 3:15) antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós;
O motivo é muito simples: a pessoa que está debatendo com você já possui a tendência natural de não te ouvir. Se você for grosseiro, você estará diminuindo muito mais as chances de que ela te ouça. E é importante que você deseje que ela te ouça, não só para que ela reflita sobre seu argumento e se decida pela fé que você professe, mas também para que ela considere seu argumento com cuidado, e se tiver que te dar uma resposta, que seja uma resposta bem direcionada ao problema que você postou, não a um problema que ela achou que você escreveu.
Além disto, aquelas pessoas que estão ali apenas para leitura e para aprendizado serão muito melhor instruídas. Uma resposta sem críticas ou deboches é muito mais simples e agradável de ser lida. É nosso dever como cristãos agirmos de forma a dar o exemplo às pessoas que estão ali.

Mencionei acima que uma resposta amigável ajuda seu oponente a refletir melhor sobre a questão que você coloca. Para mim é essencial esta reflexão, e você também deve fazer o mesmo. Você deve entender aquilo que a pessoa com quem está debatendo está tentando transmitir. Pois se você não entendê-la, você poderá estar formulando uma resposta que não causará impacto, uma resposta que não responde nada.
E aí está talvez a parte mais bela da defesa da fé, que muitos parecem deixar de lado: no debate damos início à tarefa de conhecer o próximo. É certo que a pessoa irá colocar como argumento aquilo que para ela própria é um argumento convincente. E assim, ela está revelando para nós quais são as suas maiores preocupações. Se você estiver em sintonia com a pessoa com quem está debatendo, você conseguirá entendê-la e dar uma resposta não apenas ao problema que ela está apresentando, mas também uma resposta às suas angústias e preocupações.

Há por fim, alguns que de fato não querem ser convencidos. Embora você apresente argumentos muito bons, a pessoa não se dá por vencida. Enquanto ela está apresentando argumentos válidos contra os seus, o debate continua, mas há momentos que você percebe que as pessoas com quem você está debatendo começam a evitar aquilo que você apresenta. É importante observar quando isto começa a acontecer, pois você perceberá através desta atitude que o debate de fato acabou. E devemos saber quando isto acontece, pois somos tentados a continuar um diálogo que não possui propósito algum, só por questão de quem responde por último. O orgulho é um mal que ataca facilmente quem é participante de debates, por isto é bom estar atento às suas próprias atitudes. Saiba quando parar, mesmo que isto signifique não ser a última voz no debate. Não use de vocabulário muito sofisticado, pois isto só serve para se auto-promover.

Espero que com isto eu tenha ajudado algumas pessoas nesta difícil arte que é a defesa da fé.

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Cristãos viram alvos no tiroteio do mundo árabe





Afinal, o "tiro ao cristão" está virando uma espécie de esporte macabro no Oriente Médio? Quem está atirando, quem resiste ou foge e quem está tentando protegê-los? 
Você imaginaria que "para os cristãos sírios, quem os protege são a Rússia e o Irã, além de Assad, e não os EUA e a França, a quem consideram aliados do extremismo islâmico"?
Essas são apenas algumas das questões e das surpreendentes contradições geopolíticas e religiosas que artigo bastante detalhado e elucidativo do blog do Guga Chacra tenta explicar no Estadão:



Entenda a situação dos cristãos do Egito


Os cristãos do Egito, majoritariamente coptas, desde a Revolução Arabista de Nasser, nos anos 1950, nunca tiveram a mesma importância dos cristãos do Líbano, do Iraque e da Síria para seus países. Diferentemente de seus pares em Damasco, Bagdá e Beirute, onde integram ou integravam a elite, os egípcios sempre enfrentaram dificuldades no Cairo e Alexandria.

Durante o regime de Hosni Mubarak, muitos deles viviam nos lixões do Cairo, onde criavam porcos. Os cristãos também eram perseguidos e raros, como o ex-secretário-geral da ONU Boutros Boutros Ghali, alcançavam posições de importância.

Apenas como comparação, no Líbano, os cristãos possuem o cargo de presidente, chefe das Forças Armadas, metade do gabinete ministerial e metade do Parlamento. Verdade, representam cerca de um terço da população, enquanto no Egito são 10%. Mas, na Síria, onde a proporção é similar à egípcia, os cristãos sempre tiveram cargos importantes, incluindo, até recentemente o de ministro da Defesa.

Mesmo antes da Primavera Árabe, os cristãos, ao redor do mundo árabe, buscaram se aliar a setores mais fortes em suas sociedades para tentar se proteger. Algo normal para minorias religiosas. Ditadores seculares sempre foram vistos como protetores em Bagdá e Damasco, por exemplo. No Iraque, até 2003, os cristãos eram abertamente a favor do regime de Saddam Hussein – o número dois do regime era o cristão caldeu Tariq Aziz. Na Síria, sempre estiveram ao lado da família Assad.
No Líbano, até a Guerra Civil de 1975 a 90, os cristãos eram os mais poderosos. Depois, em uma nação politicamente nos dias de hoje dividida entre sunitas e xiitas, a maior parte dos cristãos, seguidores de Michel Aoun, buscou em uma aliança com os xiitas do Hezbollah a sua proteção. Outros, como os seguidores de Samir Gaegea, acharam melhor se aliar aos sunitas de Saad Hariri.

No Iraque, a aposta dos cristãos, em se aliar a Saddam, foi um grande erro. A invasão americana fez centenas de milhares de cristãos iraquianos buscar refúgio na Síria e nos braços de Assad que, como o ditador em Bagdá, sempre protegeu os cristãos.

A Guerra Civil da Síria fez os cristãos sírios, incluindo autoridades religiosas, a apoiarem em massa as forças de Assad, um líder secular, embora alauíta, uma vertente moderada do islamismo, e com o apoio da classe média sunita não religiosa das grandes cidades. O medo dos cristãos sírios eram acabar como os iraquianos. Neste caso, a aposta deles tem sido positiva, por um lado, pois Assad está vencendo a guerra. De outro, porém, são alvos dos rebeldes radicais sunitas da oposição que, com o apoio do Golfo e de Nações ocidentais, alvejam vilas cristãs que são alvos de massacres – para os cristãos sírios, quem os protege são a Rússia e o Irã, além de Assad, e não os EUA e a França, a quem consideram aliados do extremismo islâmico.

Os cristãos egípcios, por sua vez, nunca tiveram um protetor. Para eles, não há um Assad ou um Saddam e tampouco uma Rússia ou um Irã para defende-los. E tampouco possuem o poder político e econômico dos cristãos libaneses, que também são elite ao redor do mundo, incluindo em São Paulo.

Já tratados cidadãos de segunda classe nos anos de Mubarak, os cristãos apostaram inicialmente na redemocratização do Egito. Mas, com o presidente Mohammad Morsy, da Irmandade Muçulmana, fazendo propostas que não respeitavam totalmente as demais religiões do Egito, especialmente a cristã, eles se juntaram aos milhões de manifestantes pedindo a queda do então líder egípcios. E decidiram apostar nos militares.

Esta opção, porém, parece não estar sendo eficiente. Os cristãos, que não são responsáveis diretos pelos massacres de membros da Irmandade Muçulmana nesta semana, vem se transformando em bode expiatório por parte da Irmandade. Dezenas de igrejas foram queimadas nos últimos dias. O problema é que, diferentemente de Saddam e de Assad, com todos os seus defeitos de ditadores sanguinários, o general Sisi, assim como Mubarak anteriormente, não está preocupado com os cristãos. De uma certa forma, até os usa como tática de PR para dizer que os membros da Irmandade Muçulmana são radicais no Ocidente.

Uma pena, mas o cristianismo egípcio corre enorme risco. Cada vez mais, o único bastião seguro para os cristãos no mundo árabe é o Líbano e a Cisjordânia, além da Síria, se Assad conseguir vencer a guerra.

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O manual

>> segunda-feira, 12 de agosto de 2013

o manualPor Isaque Júnior
Porque esta palavra não é para vós outros coisa vã; antes, é a vossa vida” Dt 32:47
Sou uma pessoa ligada à tecnologia, até porque minha geração cresceu e sentiu o impacto que esse novo mundo causou e vem causando na humanidade. Por isso computadores, celulares, games sempre me encheram os olhos. (Ainda lembro-me do meu Super Nintendo… Ah bons anos!).
Com o passar do tempo essas novas máquinas ganharam funções específicas e se tornaram mais e mais complexas, exigindo um mínimo de habilidade para operá-las. É ai onde entram os manuais de instruções. Páginas e mais páginas em que o fabricante do produto lhe explica como manuseá-lo; se for elétrico, qual a corrente certa; o que ele é, ou não, capaz de fazer. Além de especificações técnicas de tamanho, potência e outras coisas. A menos que você queira um mini incêndio, jamais ligaria um aparelho 110v em 220v!
E onde quero chegar com isso tudo… dicas de segurança? Não, não é isso. Você já pensou que quase nunca lemos manuais de instruções? Achamos algo fútil e, em certos momentos, inútil. “Ah, o cara quer me ensinar como instalar a minha Tv?!”. E fica ele lá, abandonado dentro de caixas. Mas, e se nos tivéssemos um manual? E se nosso fabricante o tivesse escrito, especificando quem somos e o que podemos ou não fazer? E se além de um manual de instruções ele fosse um guia de sobrevivência? Tenho duas notícias pra lhe dar – uma boa e uma ruim. A boa é que SIM, temos um manual. E a má é que SIM, também o esquecemos em estantes empoeiradas, mesas de cabeceira e dentro de nossos carros. Fazemos questão de mantê-lo longe de onde ele precisa estar, no coração e na mente.
A Bíblia é o manual deixado pelo fabricante (Deus) para seu projeto (nós), escrita por vários autores guiados pelo Espirito Santo. Ela é a palavra de Deus, nela descobrimos quem somos e o que Ele espera de nós. Nas escrituras está o plano da nossa redenção em Cristo, o Salvador que, com seu sangue, iria justificar o seu povo (Isaías 53). Como também a condição em que nós encontrávamos, filhos da ira (Fp 2:3). E como por sua graça, “…nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1:13). Agora servos, temos um chamado de ser como Jesus, guiados por seu exemplo e seguindo seus passos (I Pe 2:21). Sendo assim, a Bíblia precisa nortear e permear todas as áreas da nossa vida.
Então, querido leitor, o que fazer em resposta a isso tudo? Afinal esse livro não é amuleto para fica aberto na sala da sua casa, impedindo coisas ruins, nem uma caixinha de promessas com bênçãos e mais bênçãos, muito menos um biscoito da sorte que lhe dá o horóscopo do dia. Ele é vivo e eficaz (Hb4:12). Jamais passará, pois é eterno (Mt 24:35). Precisa ser o nosso deleite e meditação (Sl 119:97). É um tesouro inestimável que não mensuramos o seu valor. Quantos morreram pra que o tivéssemos em mãos? Em países onde há perseguição a cristãos, há um mercado negro onde pessoas “traficam” bíblias, correndo risco de serem apanhadas e mortas. Enquanto a temos e a desprezamos, pessoas dariam tudo por alguns dias de leitura. Qual o valor que tem palavra do Senhor na sua vida? O quanto ela é importante? Ela que lhe guia ou é seu coração? Será que muitos erros cometidos poderiam ser evitados se atentássemos para o que nela está escrito?
O que Deus disse a Josué também serve pra nós: “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.” (Josué 1:8). Que o Senhor produza em nós o desejo de ler e estudar Sua palavra, que nossos passos sejam firmados nesse livro e que arda em nós um amor por Ele. Pois por meio das escrituras conhecemos ao Criador e a nós mesmos.
O vídeo abaixo mostra o primeiro contato de alguns cristãos com a Bíblia. Olhe a reação deles! A emoção ao segurar o livro sagrado! Se você puder “perder” 1 minuto do seu dia com esse vídeo, não se arrependerá.

Que o Pai das Luzes, em sua graça e misericórdia, encha nossos corações e mentes com seus juízos.
***
 Isaque Jr. é  parceiro de labuta e está contando os dias para mergulhar na Engenharia Elétrica. Escreve blog da ‘UMP Guarabira‘ e está começando a gostar da ideia de ser escravo de Cristo vide blog também. Divulgação: Púlpito Cristão.

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A Relevância da Reforma Protestante hoje

Para entender e reconhecer a relevância da Reforma em nossos dias, deve-se relembrar o que ela significou e porque existiu.
Vamos então considerar a história...
 
1. O que e porque da existência da Reforma
 
A Reforma Protestante do século XVI foi um fenômeno variado e complexo, que incluiu fatores políticos, sociais e intelectuais. Todavia, o seu elemento principal foi religioso, ou seja, a busca de um novo entendimento sobre a relação entre Deus e os seres humanos. Nesse esforço, a Reforma apoiou-se em três fundamentos ou pressupostos essenciais:
 
 

a) A centralidade da Escritura

Os reformadores redescobriram a Bíblia, que no final da Idade Média era um livro pouco acessível para a maioria dos cristãos. Eles estudaram, pregaram e traduziram a Palavra de Deus, tornando-a conhecida das pessoas. Eles afirmaram que a Escritura deve ser o padrão básico da fé e da vida cristã (2 Tm 3.16-17).
Todas as convicções e práticas da Igreja deviam ser reavaliadas à luz da revelação especial de Deus. Esse princípio ficou consagrado na expressão latina “Sola Scriptura”, ou seja, somente a Escritura é a norma suprema para aquilo que os fiéis e a Igreja devem crer e praticar.
Evidentemente, tal princípio teve conseqüências revolucionárias.

b) A justificação pela fé

Outro fundamento da Reforma, decorrente do anterior, foi a redescoberta do ensino bíblico de que a salvação é inteiramente uma dádiva da graça de Deus, sendo recebida por meio da fé, que também é dom do alto (Ef 2.8-9).
Tendo em vista a obra expiatória realizada por Jesus Cristo na cruz, Deus justifica o pecador que crê, isto é, declara-o justo e aceita-o como justo, possuidor não de uma justiça própria, mas da justiça de Cristo.
Essa verdade solene e fundamental foi afirmada pelos reformadores em três expressões latinas: “Solo Christo”, “Sola gratia” e “Sola fides”. Justificado pela graça mediante a fé, e não por obras, o pecador redimido é chamado para uma vida de serviço a Deus e ao próximo.

c) O sacerdócio de todos os crentes

A Igreja Medieval era dividida em duas partes: de um lado estava o clero, os religiosos, a hierarquia, a instituição eclesiástica; do outro lado estavam os fiéis, os leigos, os cristãos comuns.

Acreditava-se que a salvação destes dependia da ministração daqueles. À luz das Escrituras, os reformadores eliminaram essa distinção. Todos, ministros e fiéis, são o povo de Deus, são sacerdotes do Altíssimo (1 Pedro 2.9-10).

Como tais, todos têm livre acesso à presença do Pai, tendo como único mediador o Senhor Jesus Cristo. Além disso, cada cristão tem um ministério a realizar, como sacerdote, servo e instrumento de Deus na Igreja e na sociedade.

Que esses princípios basilares, repletos de implicações revolucionárias, continuem sendo cultivados e vividos pelos herdeiros da Reforma. 

2. Terá ainda razão de ser esse movimento? Justifica-se ainda o protestantismo?

A realidade nos mostra que, passados tantos anos, as verdades fundamentais e solenes redescobertas pelos reformadores continuam sendo desprezadas, tanto fora quanto dentro do movimento evangélico. Podemos exemplificar isso com um dos grandes princípios acentuados pela Reforma: “Solo Christo” ou a plena centralidade e exclusividade de Cristo como único e suficiente Salvador, o único mediador entre Deus e a humanidade.
A Igreja contra a qual se insurgiram os reformadores continua hoje, quase meio milênio mais tarde, a negar a Cristo um lugar exclusivo na fé, no culto e na devoção dos seus fiéis. P
or causa da ênfase antibíblica no culto a Maria e aos santos, Jesus Cristo ocupa um lugar inteiramente secundário na vida e devoção de milhões de brasileiros que se dizem cristãos e podemos ver isso claramente na visita do papa ao Brasil, onde ele menciona muito mais Maria e os "santos" do que propriamente a Jesus Cristo.
Mas, lamentavelmente, devo considerar que as antigas verdades essenciais recuperadas pelos reformadores também têm sido ignoradas dentro das igrejas evangélicas.
Se os reformadores voltassem à terra hoje, ficariam chocados com certas doutrinas e práticas correntes entre os evangélicos e com a sua falta de entusiasmo pelas importantes convicções redescobertas no século XVI.
Essas razões já são suficientes para justificar a atual relevância e necessidade da obra restauradora realizada pelos pioneiros da Reforma.
Um aspecto interessante desses pioneiros é o fato de que eles, embora compartilhassem os mesmos princípios, tiveram diferentes experiências, que os levaram também a diferentes ênfases nos princípios que defenderam.
Gostaria de ilustrar três desses princípios através da experiência de três grupos reformados, tomando como ponto de partida os capítulos iniciais da primeira carta de Pedro.
Nessa carta, o apóstolo lembra aos cristãos da Ásia Menor os fatos centrais da sua fé (1.3-12) e suas implicações para a vida (1.13-17).
Em seguida, ele fala sobre as conseqüências disso para a sua identidade como grupo, como povo de Deus (1.22—2.10).
Vemos nessa passagem três grandes ênfases da Reforma.

1. Graça e Fé

O fundamento da vida cristã é o fato de que somos salvos pela graça de Deus, recebida por meio da fé. Deus nos amou, por isso nos deu seu Filho; crendo nesse amor e nesse Filho, somos salvos.
Essa é uma das ênfases mais importantes do capítulo inicial de 1 Pedro, especialmente nos versos 18-21, mas também em vários outros versículos.
Esse ponto reúne três grandes princípios esposados pelos reformadores: “solo Christo”, “sola Gratia” e “sola Fide”. Embora não encontremos aqui uma referência explícita à justificação pela fé como nas cartas aos Romanos e aos Gálatas, ela é pressuposta em todo o contexto.
O reformador que teve uma experiência pessoal e profunda dessas verdades foi Martinho Lutero.
Inicialmente, seu pai desejou que ele seguisse a carreira jurídica. Um dia, ao escapar por pouco da morte, fez um voto a “Santa Ana” de que entraria para a vida religiosa. Ingressou em um mosteiro agostiniano e pôs-se a lutar pela sua salvação, sem alcançar a paz interior que tanto almejava.
Até que, ao estudar a Epístola aos Romanos, deparou-se como a promessa de que “o justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Teve uma nova visão de Deus e da salvação. Esta já não era o alvo da vida, mas o seu fundamento. Essa nova convicção o levou a questionar a teologia medieval e a iniciar o movimento da Reforma.
Isso nos mostra a importância de uma vida de fé, na plena dependência da graça de Deus, mas também de uma vida de compromisso, que se manifesta na forma de frutos que honram a Deus.


 2. A Palavra de Deus

A seção seguinte de 1 Pedro contém outra ênfase importante dos reformadores: a centralidade da Palavra de Deus (1.23-25).
A Palavra de Deus é a mensagem que nos fala da graça de Deus e da redenção realizada por Cristo, e nos convida a crer nesse amor. Essencialmente, é o “evangelho” (verso 12), também descrito como a “verdade” (verso 22).
Essa palavra ou evangelho é viva, permanente e eficaz porque é a própria “Palavra do Senhor”.
Se o item anterior nos faz pensar em Lutero, este nos lembra de modo especial João Calvino.
Calvino não teve uma experiência dramática de conversão como Lutero.
Sua experiência foi profunda, mas sem grandes lutas interiores. Ele mesmo pouco escreveu sobre o assunto, dizendo apenas que teve uma conversão repentina (“conversio súbita”).
Mas desde o início esse reformador foi tomado por uma forte convicção acerca da majestade de Deus e da importância da sua palavra. Calvino foi, dentre todos os reformadores, aquele que mais energias dedicou a estudo e à exposição sistemática das Escrituras – nas Institutas, nos seus comentários bíblicos, em suas preleções e em seus sermões.
Nos seus escritos, Calvino insiste na suprema autoridade das Escrituras em matéria de fé e vida cristã (“sola Scriptura”).
Essa autoridade decorre do fato de que Deus mesmo nos fala na sua Palavra. Ele faz uma distinção interessante entre Escritura e Palavra de Deus, ao dizer que é somente através da atuação do Espírito Santo que a Escritura é reconhecida pelo pecador como a Palavra de Deus viva e eficaz.
Esse ponto nos mostra a necessidade de obediência à Palavra do Senhor para vivermos uma vida cristã genuína e frutífera.

3. Sacerdócio Real

Finalmente, Pedro fala da grande dimensão comunitária da nossa fé.
Unidos a Cristo e alimentados por sua Palavra (2.2-4), somos chamados a viver como edifício de Deus e como povo de Deus (2.5, 9).
Nas duas referências, os cristãos são descritos como sacerdócio: “sacerdócio santo” e “sacerdócio real”.
A conclusão é óbvia: todo cristão é um sacerdote.
Não existe mais a distinção entre sacerdotes e “leigos” que havia no Antigo Testamento, mas agora todos têm acesso livre e direto acesso à presença de Deus, por meio de Cristo. Esse sacerdócio deve ser exercido principalmente em duas áreas: no culto e na proclamação. Todos os crentes podem e devem oferecer “sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (v. 5); todos os cristãos devem proclamar as virtudes daquele que o chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (v. 9).
Os que conhecem alguma coisa sobre a Reforma reconhecem facilmente aqui  o princípio do “sacerdócio universal dos fiéis”.
Um grupo reformado que ilustra muito bem essa verdade foram os anabatistas.
Todos os protestantes valorizaram o sacerdócio universal, mas ele foi especialmente importante para esse grupo incompreendido e horrivelmente perseguido que insistia que a Igreja devia ser uma associação voluntária de crentes, inteiramente separada do Estado e caracterizada pela mais plena igualdade e solidariedade entre todos.
Uma bela aplicação do ensino de que todo cristão é um sacerdote de Deus.

Esse aspecto nos mostra a importância da comunhão cristã no corpo de Cristo. Como dizia a placa de uma igreja nos Estados Unidos: “Pastor: reverendo tal; ministros: todos os membros”.

Conclusão

A Reforma do Século XVI foi, mais que uma simples reforma, uma obra de restauração. Restauração de antigas verdades que haviam sido esquecidas ou obscurecidas ao longo dos séculos, e agora foram recuperadas. Essa obra deve continuar em cada geração, seguindo um lema dos reformadores: “Ecclesia reformata, semper reformanda” (igreja reformada, sempre se reformando).

Louvemos a Deus e honremos a memória dos nossos predecessores na fé resgatando esses valores e vivendo de acordo com os mesmos nos dias atuais. Tornemos nossa fé relevante para os nossos contemporâneos, sem fazer concessões que comprometam a pureza do Evangelho de Cristo.
 
Pr. Magdiel G Anselmo.

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