Ide e Pregai

O Documentário é um resumo da história das Assembléias de Deus no Brasil a começar pela chegada dos missionários e pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren, em Belém do Pará.

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O Espelho dos Mártires

O Documentário relata em detalhe o modo de vida e as persiguições que sofreram os cristão primitivos e como foram martirizados os Apóstolos de Cristo.

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Filme ´180`: 33 minutos que mudarão sua opinião sobre o aborto

O Ministério Living Waters, dos Estados Unidos, produziu recentemente um documentário impactante e fantástico sobre o aborto. O filme traz como título ‘180’ e instiga as pessoas a mudarem de opinião sobre o aborto e outras questões bíblicas.

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Estudo Bíblico sobre:

>> sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quando a esperança se torna realidade

 





Referência: Rute 4.1-22

INTRODUÇÃO

1. A providência carrancuda revela uma face sorridente
John Piper, no seu livro O Sorriso escondido de Deus diz que por trás de toda providência carrancuda esconde-se uma face sorridente. O livro de Rute retrata essa verdade. Esse livro começa com a tristeza da morte e termina com a alegria do nascimento; começa com três funerais e termina com um casamento. Para o cristão é Deus quem escreve o último capítulo da vida. A noite escura da prova transforma-se numa manhã iluminada de gloriosa esperança. A Bíblia diz que o choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã. Deus ainda continua transformando vales em mananciais, desertos em pomares e o cenário cinzento de tristeza em jardins engrinaldados de flores.
Houve um tempo na vida de Jacó que ele lamentou os infortúnios da vida, dizendo: “… todas essas cousas me sobrevêm” (Gn 42.36). Jacó estava olhando o lado avesso, mas quando virou o lado direito percebeu que o plano de Deus era perfeito e tudo estava concorrendo para o seu bem.
2. As impossibilidades humanas tornam-se realidades pela ação divina
O livro de Rute revela as amargas impossibilidades humanas. Noemi olhou pelo túnel do tempo e não viu nenhuma saída. Na perspectiva humana seu destino estava lavrado e a alegria não fazia mais parte do seu futuro. Mas, Deus reverteu a situação e abriu-lhe a porta da esperança. Enquanto ela pensou que Deus estava ocupado trabalhando contra ela, na verdade Deus estava agindo em seu favor.
A vida cristã não é uma estrada reta rumo à glória, mas um caminho cheio de curvas e precipícios. John Bunyan expressou isso de forma inigualável no clássico O Peregrino. Há momentos que olhamos para frente, e nada enxergamos senão pontes estreitas, vales profundos e abismos imensos. Nessas horas, sentimo-nos impotentes, desanimados e chegamos até mesmo a lavrar a nossa sentença de derrota. Noemi fez isso ao retornar para Belém. Porém, os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. Ele continua fazendo com que a mulher estéril seja alegre mãe de filhos. Deus continua levando o pobre do monturo e fazendo-o assentar-se entre príncipes.
3. O fim da linha na perspectiva humana pode ser o começo de uma linda história traçada por Deus na própria eternidade
Noemi estava com os olhos embaçados pela amargura. Ela pensou que o resto de seus dias seria marcado pela tristeza. Mas, Deus tinha um plano perfeito, traçado na eternidade, que estava se desenrolando e nesse plano Noemi erguer-se-ia como protagonista de uma das mais lindas histórias. O filho de Rute com Boaz era o filho suscitado para a perpetuação da memória de Malom. Assim sendo, Obede seria mais do que um neto para Noemi, mas seu resgatador, seu consolador, a esperança da perpetuação da sua família sobre a terra.
4. Nenhum sucesso é final e nenhuma derrota é fatal
Ricardo Gondim diz que ninguém chega ao sucesso e descansa, e ninguém é derrotado e se acaba, porque nenhum sucesso é final e nenhuma derrota é fatal. O futuro ainda lhe reserva surpresas. Não se deixe embriagar pelo sucesso nem deixe derrotar pelo fracasso, porque Deus é quem está dirigindo o seu viver. A vida cristã não é uma estrada reta rumo à glória, antes é uma estrada cheia de curvas e surpresas. Tanto o sucesso quanto os fracassos são passageiros. Não podemos nos envaidecer com o sucesso nem nos desesperarmos com os fracassos, pois quando pensamos que chegamos ao fim da linha, Deus nos abre uma nova porta de esperança.
O capítulo quatro do livro de Rute trata de três assuntos importantes: um regaste (v. 1-9), um casamento (v. 10-12) e um descendente (v. 13-22). Vamos examinar esses três pontos e depois tirar algumas lições práticas.
I. UM RESGATE (4.1-9)
Boaz afeiçoou-se a Rute desde o primeiro momento que a encontrou. Ele era um homem rico, piedoso, e legalmente qualificado para ser o resgatador da família. Boaz já havia dado abundantes provas do seu amor por Rute e ela sabia disso. Por sua vez Rute já havia feito o pedido formal de casamento a Boaz e ele estava empenhado em resolver a questão, pois na lista dos parentes próximos havia um homem que tinha preferência para resgatá-la e casar-se com ela.
Boaz demonstra grande empenho no processo de ser o resgatador de Noemi, com vistas ao seu casamento com Rute. Vejamos alguns pontos:
1. Boaz tem pressa (4.1)
Noemi que conhecia bem a natureza masculina, pois tivera três homens em sua família sabia que Boaz não descansaria até resolver a pendência com o outro candidato (3.18). Agora, Boaz assentou-se à porta da cidade esperando encontrar-se com ele. Boaz é um homem decidido, resolvido, e tem pressa para agir. Ele não adia aquela decisão. Ele tem todo o interesse do mundo em desembaraçar-se para consumar o seu projeto de casar-se com Rute.
Se a precipitação é um mal que devemos evitar, a indecisão é outro erro que não podemos cometer. A liberdade de decidir é uma faculdade fundamental na vida humana. Na verdade somos escravos da nossa liberdade. Não podemos deixar de decidir. Somos como um homem dentro de um bote correnteza abaixo. Podemos decidir pular do bote e nadar para a margem do rio. Podemos decidir remar e alcançar um lugar seguro. Podemos fingir que não há perigo à frente e dormir passivamente dentro do bote. Podemos fazer muitas outras coisas. Só uma coisa não podemos deixar de fazer. Não podemos deixar de tomar uma decisão. A indecisão também é uma decisão. A decisão é a decisão de não decidir. E quem não toma decisão, decide fracassar.
2. Boaz tem compromisso com a justiça (4.1)
O portão da cidade era não apenas a entrada oficial da cidade, mas um lugar público, onde as questões legais eram resolvidas. Keil e Delitzsch dizem que o portão era um espaço aberto diante da cidade, o fórum da cidade, o lugar onde os negócios públicos da cidade eram discutidos. Naquele tempo o tribunal não funcionava num prédio, mas no portão da cidade. Leon Morris diz que o portão desempenhava papel importante nas cidades do antigo Judá. O portão era o centro da vida da cidade. Era o lugar de qualquer assembléia importante (1Rs 22.10). O portão era o lugar dos processos legais (2Sm 15.2). As pessoas eram condenadas diante dos “anciãos da cidade, à porta” (Dt 22.15). O portão é mencionado em conexão com execuções (Dt 22.24). A suprema tragédia de uma cidade era quando “os anciãos já não se assentam na porta” (Lm 5.14). David Atkinson nessa mesma trilha de pensamento, falando sobre a importância do “portão” da cidade, diz que junto à porta os pobres aguardavam auxílio (Pv 22.22). Ali eram feitos os negócios (Gn 23.10). Era à porta da cidade que os anciãos da sociedade se reuniam (Pv 31.23), como também os príncipes e os nobres, os jovens e os velhos (Jó 29.7-10).
Boaz estava ali no portão da cidade para tratar do assunto legalmente. Ele queria casar-se com Rute, mas não queria um concubinato, mas um casamento legal.
Boaz também estava disposto a ser o remidor de Noemi, mas queria fazer as coisas de forma legal e transparente. De acordo com a lei de Moisés, a terra não podia ser vendida em perpetuidade, por ser ela possessão do próprio Deus. Assim está escrito: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos. Portanto, em toda a terra da vossa possessão dareis resgate à terra. Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte das suas possessões, então, virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que seu irmão vendeu” (Lv 25.23-25). Noemi era pobre e não podia reter suas terras. Contudo, a solene obrigação da família era cuidar que a propriedade não se perdesse.
3. Boaz tem prudência (4.2)
Boaz não vai sozinho conversar com o outro parente de Noemi, mas convida dez anciãos para serem testemunhas da conversa. David Atkinson diz que os anciãos geralmente confirmavam os contratos e acordos comerciais atendendo a este convite formal para “testemunhar”: uma função importante na vida comercial do povo, que conferia autoridade contratual às transações. Os anciãos de uma cidade eram particularmente encarregados da jurisdição nas questões de direitos de família tais como o levirato (Dt 25.7-9).
Esses anciãos exerciam uma função jurídica e legal. Eles eram uma espécie de tabeliões. Exerciam o papel de juízes. O acordo firmado tinha validade legal. Boaz toma toda a precaução para agir com pressa, mas também para agir com segurança e prudência.
4. Boaz tem integridade (4.3,4)
Boaz não sonega informação nem esconde a verdade. Ele informa ao outro parente de Noemi que este tinha preferência no resgate. Embora, o próprio Boaz estivesse interessado em fazê-lo não criou mecanismos ilícitos para ludibriar o outro nem tentou subornar os anciãos para colocar o seu nome na frente da lista. Integridade moral era uma marca distintiva de Boaz.
Leon Morris diz que esse outro remidor não é figura importante. Ele aparece apenas para renunciar seu direito sobre Rute, e em seguida desaparece. Assim, não importa seu nome. Permanece o fato instrutivo de que aquele que estava ansioso pela preservação de sua própria herança, agora não é conhecido nem pelo nome.
5. Boaz tem sabedoria (4.5,6)
Boaz demonstra tato na forma de apresentar a situação ao concorrente. Rowley chama essa estratégia de Boaz de “golpe de mestre”. Ele apresentou o assunto em duas etapas. Ele colocou primeiro o resgate das terras de Noemi e só depois, revelou que no pacote havia também a necessidade de desposar Rute, a viúva moabita para suscitar um descendente e herdeiro a Malom. O importante aqui era a perpetuação do nome do falecido, o que se faria mediante um filho que receberia suas terras. Aqui transparece o profundo interesse pessoal de Boaz por Rute. Boaz engendrou esta trama para poder se casar com ela, mencionando primeiro a terra, e Rute, depois. E o seu “golpe de mestre” funcionou. Ele habilmente usou as possibilidades da lei, colocando o parente mais achegado numa posição impossível. O remidor anônimo percebeu que tinha duas responsabilidades e não uma só, e que as duas estavam interligadas. Ele não poderia aceitar uma sem a outra.
A estratégia de Boaz funcionou. O homem desistiu de resgatar as terras de Noemi e de casar-se com Rute abrindo o caminho para Boaz cumprir o seu sonho. Um resgatador era alguém que tinha de estar interessado nos necessitados e ser capaz de ajudá-los. De igual forma, devia estar pronto a se sacrificar para fazer isso. Não se tratava de um obrigação, mas, sim, de um ato de amor.
O outro resgatador percebeu que se ele redimisse o campo de Noemi não teria aumento de sua propriedade, ao contrário, uma diminuição do seu patrimônio, visto que ele terá de pagar pela terra, que não passará a pertencer à sua família, mas ao filho de Rute. Neste caso, ele tinha de comprar o campo e, além disso, sustentar Rute. As despesas poderiam ser bem elevadas. O remidor certamente estava disposto a comprar o campo, sem casar-se com Rute. Ele não estava disposto a fazer ambas as coisas.
6. Boaz tem zelo com a legalidade (4.7-9)
A decisão de resgatar as terras de Noemi tem dois procedimentos legais: a desistência formal do outro concorrente com a cerimônia de tirar o calçado (4.7,8) e a confirmação da compra das terras de Noemi diante de testemunhas (4.9). A cerimônia de tirar o sapato era uma transferência de direitos, não de propriedade. Boaz era um homem que vivia dentro da legalidade. Ele respeitava as leis vigentes. Sua riqueza não foi granjeada de forma ilegal. Ele era um homem piedoso e íntegro. Ele tinha um relacionamento certo com Deus e com os homens.
II. UM CASAMENTO (4.10-12)
O casamento de Boaz com Rute tem muitos aspectos cheios de encanto e beleza. Vamos destacar alguns desses aspectos:
1. Foi um casamento providenciado por Deus (2.20)
Rute antes de buscar um marido, buscou a Deus. Antes de buscar um lar, ele buscou abrigo debaixo das asas de Deus. O encontro de Rute com Boaz foi casual na perspectiva humana, mas agendado pela providência divina (2.20). A Bíblia diz que a esposa prudente é presente de Deus. A Bíblia diz: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Sl 37.4).
2. Foi um casamento precedido por um belo relacionamento (2.10-12; 3.9-14)
Boaz sempre tratou Rute com cavalheirismo, honra, gentileza e amor desde o primeiro encontro. Embora tenha se afeiçoado a ela desde o começo, jamais se aproveitou dela. O caminho para um casamento feliz precisa ser pavimentado por atitudes nobres. Onde se vê sinais de desrespeito, há prenúncios de relacionamentos desastrosos.
Não houve intimidade física no relacionamento de Rute com Boaz antes do casamento (3.14). Eles só tiveram relacionamento sexual depois de casados (4.13). Esse é um princípio importante que está sendo desprezado pela sociedade contemporânea. O sexo é santo, é bom e prazeroso. Ele foi criado por Deus para ser plenamente desfrutado no contexto do casamento (Hb 13.4; Pv 5.15-19). Porém, a prática do sexo antes do casamento (1Ts 4.3-8) e fora do casamento (Pv 6.32) traz sofrimento e juízo.
3. Foi um casamento grandemente desejado por ambos (3.9; 3.11; 4.10,11)
O casamento não é um contrato temporário e experimental. É uma aliança para a vida toda. Não é sensato ir para o casamento com indecisão e insegurança. Ricardo Gondim em seu livro Creia na Possibilidade da Vitória fala sobre o amor de Boaz por Rute e diz que o verdadeiro amor se concretiza com gestos com a mesma profundidade que é proclamado pelos lábios. O verdadeiro amor procura legitimar-se sem relutância. Ele descarta os riscos e paga qualquer preço. O verdadeiro amor não teme assumir compromissos.
Hoje temos muitas palavras bonitas e pouco compromisso. Os vestidos das noivas estão ficando cada vez mais alvos e a pureza cada vez mais ausente. Os véus das noivas estão ficando cada vez mais longos e os casamentos cada vez mais curtos. Hoje, vemos ardentes paixões, mas pouca paciência; muitas promessas, mas poucos votos cumpridos. Vemos muitos que começam um casamento sem reflexão, mas poucos que investem nele com sincera devoção.
4. Foi um casamento apoiado pela família (3.1-5,18)
Rute não se casa com Boaz contra a vontade de Noemi. Sua sogra é sua conselheira e ela é sua discípula. O casamento de Rute com Boaz é alvo de oração e de regozijo na família. Esse é um dos principais princípios ainda hoje. O casamento não deveria ser uma decisão apenas dos dois que se casam, mas uma decisão maior em que toda a família fosse envolvida. Casar-se contra a vontade dos pais é tomar uma decisão para o desastre.
5. Foi um casamento público (4.10,11)
O casamento de Boaz e Rute foi um ato público e legal, feito perante os anciãos e juízes da cidade. Isso significa que ele casou-se de acordo com as leis vigentes da época. Nos dias de hoje, muitos consideram o casamento apenas como uma aliança particular entre duas pessoas, que pode ser feita (e até mesmo desfeita) à vontade delas, por sua escolha pessoal. Porém, o caso deve ser uma aliança pública.
Hoje, muitas pessoas estão desprezando o casamento civil, dizendo que papel não tem nenhum valor. Mas, o casamento é um contrato legal antes de ser uma união física. O princípio bíblico é claro: “Por isso, deixa o homem seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Antes da união, deve existir um deixar pai e mãe. Esse é o lado legal da relação. Hoje, os jovens estão se unindo sexualmente para depois deixar pai e mãe. Isso é uma inversão do princípio estabelecido pro Deus. David Atkinson escreve sobre esse aspecto legal do casamento,
O “deixar pai e mãe” é uma declaração pública de que o casamento está sendo feito. É a ocasião na qual o casal recebe junto o apoio público dos seus amigos e da sociedade na nova unidade social que estão criando. É a ocasião em que o casal também aceita sua vocação para ser uma nova unidade dentro da sociedade.
O casamento coloca marido e mulher num posto de responsabilidade para com o mundo e a humanidade. O seu amor é propriedade particular de ambos, mas o casamento é uma coisa mais do que pessoal: é um status, um cargo que os liga um ao outro à vista de Deus e dos homens. O testemunho público sempre fez parte da aliança. Ele serve como um contraforte no casamento contra a desintegração nos períodos quando o relacionamento está sob tensão. Os votos assumidos na cerimônia de casamento não são um mero assunto particular, mas foram assumidos e testemunhados publicamente. A importância da celebração do casamento não deve ser desprezada, pois são festivais que celebram o começo de uma nova aventura. Diz o texto que todo o povo estava presente, não apenas para testemunhar, mas para fazer orações.
6. Foi um casamento proposital (4.10)
O principal propósito de um casamento no regime do levirato era suscitar um descendente ao marido morto. A família de Elimeleque estava nenhuma semente que pudesse germinar na terra. Ele morreu e seus dois filhos também morreram sem deixarem descendentes. Agora, Boaz se casa com Rute com o propósito de suscitar o nome de Malom sobre a sua herança para que seu nome não fosse exterminado dentre seus irmãos e da porta da sua cidade.
7. Foi um casamento abençoado pelas testemunhas (4.11,12)
Os anciãos de Belém rogaram três bênçãos especiais sobre o casamento de Boaz e Rute.
Em primeiro lugar, eles pediram que Rute fosse uma mulher fértil (4.11). Os estudiosos acreditam que Rute além de moabita era também estéril, pois somos informados que ela passou quase dez anos casada com Malom em Moabe sem ter filhos (1.4,5). Os anciãos estão pedindo a Deus que ela fosse como Raquel e Lia, as únicas esposas de Jacó, as progenitoras de toda a nação. Raquel também era estéril e Deus a curou. Quando Rute concebeu, somos informados que foi o Senhor que lhe concedeu que concebesse (4.13). Há orações em favor de Rute para que ela se torne antepassada de uma raça famosa. Que ela tenha muitos descendentes dentro da família e dos propósitos de Deus.
Em segundo lugar, eles pediram que Boaz fosse um homem próspero (4.11). Boaz já era senhor de muitos bens (2.1). Mas, agora, os anciãos estão abençoando sua vida e rogando a Deus que ele seja afamado em sua cidade. Que ele adquira poder e fama. Que através deste casamento com Rute, a própria família de Boaz também seja estabelecida.
Em terceiro lugar, eles pediram que a casa de Boaz fosse como a casa de Perez. Perez foi filho de Judá, ancestral de Boaz e principal tronco da tribo que trouxe ao mundo o grande rei Davi e o Messias, o Salvador do Mundo. Leon Morris diz que Perez era, aparentemente, o mais importante dos filhos de Judá. Aparentemente, a Tribo de Judá dependia dos descendentes de Perez, mais do que dos outros. Perez foi um dos ancestrais de Boaz e, assim, alguém muito oportuno para ser mencionado. Na verdade, parece que Perez foi o ancestral dos belemitas, em geral.
III. UM DESCENDENTE (4.13-22)
O livro de Rute termina colocando os holofotes no descendente. Obede, o filho de Rute e Boaz passa a ter um papel importante na conclusão do livro. Alguns pontos merecem destaque.
1. O descendente é visto como dádiva de Deus (4.13)
A Bíblia diz que os filhos são herança de Deus. Eles são dádivas do Senhor. Eles não são um acidente, mas presentes do céu. Pode ser que os pais não planejam os filhos ou até não queiram ter os filhos, mas eles são concedidos por Deus. Olhar para os filhos nessa perspectiva faz toda a diferença. Leon Morris diz que por todo o livro de Rute persiste o pensamento de que Deus está acima de tudo, e faz cumprir sua vontade. Os anciãos e as demais pessoas consideravam os filhos como dádivas de Deus (4.12).
David Atkinson diz que se há um tema que domina o livro de Rute acima dos outros, é o da providência soberana de Deus e da nossa dependência dele como humanos. Deus é a fonte da vida. A vida, assim como suas bênçãos, é um dom da sua mão. E particularmente aqui a concepção de um filho é entendida como um dom de Deus. Olhando para esse aspecto da concepção como um dom de Deus, o debate sobre o aborto deveria ganhar uma dimensão mais ampla. A interrupção da vida não deveria ser apenas uma discussão entre o médico e a mãe. Trata-se de uma nova vida, obra prima das mãos de Deus.
Warren Wiersbe diz que nos Estados Unidos a cada ano, um milhão e meio de bebês são legalmente mortos ainda no ventre, e seus pedaços são removidos como se fossem tumores cancerosos. Uma enfermeira cristã comentou: Numa parte de nosso hospital trabalhamos dia e noite para manter os bebezinhos vivos. Em outra parte, matamos essa crianças.
2. O descendente é visto como um presente para sua família (4.14-17)
John Piper, pregando sobre este texto, diz que o foco nos versículos 14 a 17 não é sobre Rute nem sobre Boaz, mas sobre Noemi. E por que? Porque voltou para Belém amargurada e não feliz (1.20). Ela voltou para Belém pobre e não próspera (1.21). Ela voltou para Belém olhando para Deus como inimigo e não como ajudador (1.21b). Ela voltou para Belém vendo a Deus como flagelador e não como consolador (1.21c). O livro de Rute mostra que a vida do justo não é uma pista reta rumo à glória, mas uma estrada cheia de curvas e surpresas. A história do livro de Rute começou com as perdas de Noemi e termina com os ganhos de Noemi. A história começa com morte e termina com nascimento.
Um filho para quem? O versículo 17 diz: “As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi”. As mulheres disseram que um filho nasceu a Noemi e não a Rute. Por que? Para mostrar que o que Noemi havia dito acerca de Deus não era verdade (1.21). Se tivermos mais paciência para esperarmos o tempo oportuno de Deus veremos que ele trabalha para nós e não contra nós.
Não, Noemi não voltou pobre e vazia para Moabe (1.21). Foi Deus quem deu Rute a Noemi. Essa jovem viúva moabita disse para sua sogra: “… o teu Deus é o meu Deus” (1.16). Rute veio a Belém com Noemi para buscar abrigo sob as asas de Deus (2.12). Foi o próprio Deus quem trouxe Rute a Belém para abençoar a vida de Noemi. Noemi não está percebendo, mas é Deus quem a está conduzindo a esse destino feliz.
Noemi deu a impressão que não havia nenhuma esperança de Rute casar-se em Belém para suscitar um descendente à linhagem da sua família (1.12). Mas, foi Deus quem preservou Boaz, um homem rico, piedoso e parente da família, para casar-se com Rute. A própria Noemi precisa render-se a essa evidência (2.20). Noemi reconheceu que por trás daquele encontro casual de Rute com Boaz estava a bendita providência divina que não se esquece de sua benevolência com os vivos nem com os mortos. Em toda perda que o povo de Deus suporta na vida, Deus a transforma em ganho.
Foi Deus quem abriu o ventre de Rute para conceber. Foi Deus quem concedeu a Rute conceber e ter um filho (4.13). Ela foi alvo das orações dos anciãos da cidade nesse sentido (4.11). Continuamente Deus está trabalhando em favor de Noemi para provar-lhe seu favor. Quando ela perdeu seu marido e filhos, Deus deu a ela Rute. Quando ela pensou num resgatador, Deus deu a ela Boaz. Quando Rute casou-se com Boaz, Deus deu a ela um filho.
3. O descendente é visto como uma fonte de alegria para seu lar (4.14-17)
O neto de Noemi é alvo das orações das mulheres de Belém. Ele seria o resgatador de Noemi (4.14). A sua família se perpetuaria na terra por intermédio dele. Nesse sentido não foi Boaz o goel de Noemi, mas seu neto. Foi ele quem fez perpetuar o nome da família de Noemi sobre a terra e foi seu arrimo na velhice.23 Também, ele teria um nome afamado em Israel, para além das fronteiras da sua cidade (4.14b). Obede, ainda, seria o restaurador da vida de Noemi (4.15). Seria seu arrimo, seu provedor, seu sustentador. Finalmente, Obede seria o consolador da velhice de Noemi (4.15b). Noemi não teria uma velhice amargurada. Seus melhores dias não estavam enterrados no passado, mas estavam pela frente.
4. O descendente cresce numa família onde reina amor e harmonia (4.15,16)
Há duas coisas importantes aqui dignas de nota:
Em primeiro lugar, Rute ama sua sogra e lhe é melhor do que sete filhos (4.15). Transborda em todo o livro o belíssimo relacionamento entre Rute e Noemi. Agora, as mulheres da cidade dão um testemunho público acerca do amor de Rute pela sogra. E acrescentaram: “… pois tua nora, que te ama [...] te é melhor do que sete filhos” (4.15). Leon Morris diz que o tributo ela te melhor do que sete filhos é extraordinariamente relevante em face do valor comumente atribuído aos homens, em comparação com as mulheres. A ambição de todos os casados era uma prole masculina numerosa; assim, falar de Rute, como sendo mais valiosa para Noemi do que sete filhos (a expressão proverbial para a família perfeita) é o supremo tributo.
Em segundo lugar, Noemi cuida do neto sem qualquer atitude de ciúmes de Rute (4.16). Noemi não apenas tem a alegria de receber um neto, mas o privilégio de cuidar dele. Rute não tentou afastou o filho da avó, ao contrário, deu-lhe liberdade para instruí-lo. Noemi esperava amargar uma velhice solitária, quando perdera o marido e os filhos. Com a chegada do neto, ela voltou a ter uma família. Era amada, e tinha um lugar de honra. O bebê, num certo sentido, simbolizava tudo isto, e Noemi dedicou-se a ele.
5. O descendente trará ao mundo uma semente abençoada (4.17-22)
Todo bebê nascido neste mundo é um voto em favor do futuro. Ao segurar um bebê, se segura o futuro nos braços. O livro de Rute conclui com uma curta genealogia, ligando Perez (filho de Judá) com Davi. Obede, filho de Rute e Boaz, torna-se o pai de Jessé e Jessé, o pai de Davi, o maior rei de Israel. O próprio Messias viria ao mundo mil anos depois do grande monarca, sendo chamado de Filho de Davi. O autor do livro de Rute não olha apenas para Obedece. Ele levanta seus olhos e vê mais além. Ele olha para a história da redenção. Deus não estava trabalhando apenas para prover bênçãos materiais a Noemi, Rute e ao povo de Belém. Ele estava preparando o cenário para a chegada de Davi, o maior rei de Israel. O nome de Davi trazia consigo a esperança do Messias num novo tempo de paz, justiça e liberdade, onde o pecado e a morte seriam vencidos. A história do livro de Rute abre as cortinas da esperança nos aponta para Jesus!
Leon Morris nessa mesma linha de pensamento, escreve:
O propósito do casamento de Boaz com Rute era conduzir, no devido tempo, ao grande rei Davi, o homem segundo o coração de Deus, o homem em quem os propósitos de Deus foram executados de modo extraordinário. Estes acontecimentos em Moabe e Belém desempenharam seu papel em conduzir àqueles que redundariam no nascimento de Davi. Os crentes considerarão, também, cuidadosamente, a genealogia que aparece no começo do evangelho de Mateus, e refletirão que a mão de Deus cobre a história toda. Ele executa seu propósito, geração após geração. Visto que somos limitados a uma única vida, cada um de nós vê apenas um pouquinho daquilo que acontece. Uma genealogia é maneira extraordinária de trazer diante de nossos olhos a continuidade dos propósitos de Deus, através dos tempos. O processo histórico não é casual. Há um propósito em tudo. Esse propósito é o propósito de Deus.
As dez pessoas cuja genealogia é registrada nos últimos cinco versículos do livro de Rute podem ser encontradas na passagem de Mateus 1.3-6 como formadores de elos importantes na linhagem do Messias. Assim, os nomes que aparecem na genealogia desde Perez até Davi (4.18-22) são os mesmos que aparecem na genealogia de Jesus, conforme o relato de Mateus (Mt 1.1-6). Assim, o livro de Rute deseja nos ensinar que o propósito de Deus para a vida do seu povo é conectado com alguma coisa maior do que nós mesmos. Deus deseja que saibamos que quando andamos com ele nossa vida sempre significa mais do que pensamos que ela significa. Para o cristão sempre haverá uma conexão entre os eventos ordinários da vida e a estupenda obra de Deus na história. O livro de Rute aponta para Davi. Davi aponta para Jesus e Jesus aponta para a glória final, quando reinaremos com ele na glória eterna, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 21.4).
Que possamos como Rute declarar a nossa disposição e obediência amorosa em aceitar o gracioso convite de Deus para desfrutar do nosso lugar sob o refúgio de suas asas.
O melhor ainda está por vir. Esta é uma gloriosa verdade a seu respeito, se você anda com Deus.
IV. LIÇÕES PRÁTICAS DO TEXTO
1. Você tem um grande valor para Deus
Não importa sua nacionalidade, sua família, sua cultura, seus bens, você tem um grande valor para Deus. Sua vida pode não ter sido planejada pelos seus pais, mas foi planejada por Deus. Você não veio ao mundo pelo acaso. Há um plano perfeito e um propósito eterno que rege sua vida. Rute era uma viúva moabita. Além de estrangeira era pobre e desamparada. Deus providenciou para ela não apenas uma família e riquezas, mas perpetuou seu nome, fazendo dela a genitora de uma abençoada descendência. Aquela viúva que viveu em tempos tão remotos tem seu nome relembrado com honra por gerações sem fim.
2. O casamento é uma grande fonte de bênção quando feito dentro da vontade de Deus
Boaz era um homem rico, mas sua vida carecia de um propósito maior. Antes de Rute Boaz trabalhava, ganhava dinheiro, vivia bem, mas não tinha um propósito. O casamento nos dá um elevado propósito para viver. Boaz, tão logo conheceu Rute buscou esse propósito com todas as forças da sua alma. Seu casamento abriu novos horizontes para intervenções gloriosas de Deus.
Por outro lado, nada é mais frustrante do que um casamento feito às pressas, sem reflexão, sem apoio da família, sem alegria das testemunhas, sem convicção do amor. O casamento pode ser um jardim marchetado de flores ou um deserto árido. O casamento pode ser como um vôo de liberdade ou uma prisão torturante.
3. Os filhos são presentes de Deus
Os filhos são herança de Deus. Eles valem mais do que as riquezas. Logo que Obede nasce o texto silencia a respeito dos bens de Boaz. Nada se compara a riqueza que os filhos representam. A chegada de Obede foi celebrada com mais alegria do que as abundantes colheitas de tribo. Pessoas valem mais do que coisas. Os filhos valem mais do que o dinheiro. O nosso maior investimento deveria ser nos relacionamentos. Nenhum sucesso compensa o fracasso no relacionamento com os filhos.
4. A vida deve ser vida com a eternidade em perspectiva
A última palavra do livro de Rute é DAVI. Noemi, Rute e Boaz não viveram em vão porque eles fizeram parte de um propósito divino. O destino deles estava sendo conduzido pelo céu e não pela terra. Tinha sido desenhado na eternidade e não no tempo. O casamento de Rute com Boaz que trouxe ao mundo Davi desembocou no próprio Messias. O casamento de Rute aconteceu em Belém. Davi nasceu em Belém. Jesus nasceu em Belém e de Belém esparramou-se a salvação de Deus para todos os povos.
Hoje, você pode não entender os planos de Deus na sua vida. Hoje as providências de Deus podem parecer carrancudas e assustadoras para você. Mas, no andar de cima, na sala de controle do universo, as coisas estão meticulosamente planejadas e determinadas. E Deus as levará a cabo para o seu bem, para a glória do seu próprio nome. Hoje seus problemas podem parecer intrincados, difíceis e você pode pensar em dizer: “Não tem jeito!” Mas, olhe na perspectiva da eternidade e entenda que Deus quer transformar sua vida em algo extraordinário.
5. O melhor de Deus ainda está por vir
Nós não caminhamos como os discípulos de Emaús para o entardecer da história. Não estamos fazendo uma viajem rumo ao ocaso. Nossa jornada é para o romper da alva. O fim da nossa jornada não será um túmulo frio coberto de pó, mas uma eternidade cheia de glória, onde reinaremos para sempre com Cristo. Aqui, como Rute, cruzamos vales e montes, atravessamos pontes estreitas e pântanos lodacentos. Aqui nosso corpo é surrado pela doença e até tomba pela fúria implacável da morte. Mas, a morte não tem mais a última palavra em nossa. Seguimos as pegadas daquele que arrancou o aguilhão da morte. O nosso Redentor é a Ressurreição e a Vida.
Não estamos viajando num bonde que se afundará nas águas encapeladas do mar da vida. Em breve, a trombeta de Deus soará. Em breve, a voz do arcanjo será ouvida. Em breve todos os inimigos serão colocados debaixo dos pés do nosso Senhor. Em breve todo joelho se dobrará e toda língua confessará que ele é Senhor. Em breve, deixaremos esse corpo de humilhação e seremos revestidos com um corpo de glória. Em breve, estaremos para sempre com o Senhor. Não importa se agora o caminho é estreito. Não importa se os inimigos são muitos e estão furiosos contra nós. Nosso destino é glória e é o nosso próprio Senhor vitorioso que nos conduzirá ao lar!

Fonte: Hernandes Dias Lopes

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